07/02/2013

O cara do andar de baixo - parte 1




 Assim que entrei no prédio notei uma aglomeração na portaria. Os elevadores estavam interditados! Enquanto alguns externalizavam a raiva com palavras de baixo calão, apenas soltei um:

- Droga!

 Um homem que chegava à portaria naquele momento pronunciou-se.

- Quer ajuda para subir?
- Não preci... - antes mesmo que eu concluísse minha resposta, o tal carinha me levantou em seus braços. - Você está louco? Eu já disse que não precisa! Eu subo sozinha.
- Com o pé imobilizado?
- Pode deixar que eu me viro. Agora me coloca no chão!
- Você não vai conseguir subir sozinha. - disse em tom sarcástico.
- Como tem tanta certeza? E se eu morar no 1º andar?
- Só que você mora no 4º.
- Como você sabe? - comecei a desconfiar do estranho. - "Peraí!" Aliás, quem é você? Eu nunca te vi no prédio.
- Meu nome é Tomás. Sou novo no prédio, me mudei há 1 mês. Moro no 3º andar, bem embaixo de você.
- Como sabe que eu moro no apartamento de cima? - indaguei.
- Todo dia, por volta das duas e meia da manhã, começa um barulho insuportável de móveis sendo arrastados, chão sendo varrido. É bem a sua cara esse tipo de anormalidade.
- Ei! Que intimidade é essa que você pensa existir entre nós, para me chamar de anormal?
- Vamos combinar que faxinar a casa às duas e meia da manhã é loucura!
- Não é loucura! É terapia.
- Então, Sra. Terapia, podemos subir?
- Não estou segurando você! Muito pelo contrário, não é?

 Assim que chegamos à porta do 407 ele me pôs de volta no chão.

- Não vai nem me agradecer?
- Por você me carregar a força por quatro andares? Não mesmo.
- Você não cansa de ser grossa? - perguntou, parecendo gostar da minha grosseria.
- E você não cansa de ser intrometido?
- Acho que eu vou descendo...
- Até que enfim você se tocou.
- Até mais Miss Simpatia! - acenou.
- Vai tarde, Sr. Inconveniência.

 Ainda abria a porta, quando Tomás voltou.

- Ah, não perguntei seu nome!
- Pensei que soubesse. Descobriu tanta coisa sobre mim e não sabe o meu nome? Acho que você falhou Sherlock Holmes. - ironizei.
- Você realmente acha que eu estou te observando há tempos?
- É o que parece.

 Ele riu e deu as costas.
 Antes que ele descesse as escadas, gritei:

- Tomás! - ele se virou. - Meu nome é Inês.

 Ele sorriu balançando a cabeça, e desceu.


4 comentários:

  1. Nossa curti que dahora

    Parabéns pelo blog

    http://aleatoriosempauta.blogspot.com.br

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  2. Já favoritei para esperar a segunda parte deste romance que está por vir. Ou será amizade? rss

    Histórias, estórias e outras polêmicas

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    Respostas
    1. Muito obrigada, Mayara e Claudio!
      Aguardem que tem continuação ;)haha

      Beijos!

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  3. a primeira tag a gente nunca esquece participa ?
    http://navy-girls.blogspot.com.br/2013/02/tag-question.html

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