Daqui
a alguns anos vou estar mexendo no guarda-roupas e, por descuido, vou deixar
aquela caixa de coisas antigas cair no chão. Assim que eu abri-la, depois de
pegar no chão algumas fotos que escapariam com a queda, vou encontrar coisas
das quais nem lembraria mais que existiam. Vou achar meu antigo caderno de
composições, meu caderno da escola com mais frases do Legião Urbana do que
equações do 2º grau, e alguns livros de romance da época em que sonhava em
escrever um. Vou encontrar as fotos que tiramos, as conversas de papel trocadas
durante a aula... E, então, aquela enxurrada de sensações, depois de tanto
tempo adormecidas, despertará minha alma num só impacto.
Eu vou lembrar de quando não sabíamos o que
ser, apesar da certeza que tínhamos do que queríamos! De quando a biologia era
a nossa matéria favorita, e de quando queríamos conhecer o nosso ídolo que já
tinha morrido. Quando "Querido John" quase virou uma história de
verdade, se não fosse bom demais para sê-la. Quando a nossa rotina era falar do
jogador do momento, do livro do lançamento, do show do fim de semana, ou da
música de nove minutos.
Eu vou lembrar também do dia que você saiu do
pré-vestibular, mas voltou no dia seguinte, porque apesar de todos os medos e
preocupações era sempre a gente! Não eu, ou ela, ou você, mas sim, nós! E aí,
sentada na cama apoiando o passado no colo, eu vou me perguntar onde a gente
está. Por um momento vou pensar em ligar para cada uma, mas é claro, o número
não será mais o mesmo. Vou querer ver vocês, mas não vou saber onde procurar.
Talvez num dia qualquer, voltando do trabalho, a gente se esbarre por aí. Aí
vamos nos cumprimentar friamente com um "oi, tudo bem? Como você tá?"
e cinco minutos depois estaremos nos despedindo e cada uma indo para uma
direção. Voltando para a sua vida. Vida que, lá atrás, foi sonhada, temida e
planejada por todas nós. Um nós que, provavelmente, não existirá mais fora
daquela caixa de coisas antigas.
Isso são apenas possibilidades... Ainda bem! Sorte
a nossa termos, hoje, a chance de impedir que tudo isso aconteça. Impedir que
deixemos amizades no meio do caminho, com a doce ilusão de encontrar alguém que
as substituam. Anota aí: pessoas especiais são insubstituíveis! Cuide das que
você tem por perto...
Adorei o texto, parabéns e concordo com você "pessoas especiais são insubstituíveis"
ResponderExcluirpequenos-exageros.blogspot.com.br
Muito obrigada, Maria! ^.^ Fico muito feliz que tenha gostado e se identificado!
ExcluirE ah, o layout do seu blog é fofo demais! <3
Volte mais vezes!
Beeeijos! ;*