A amizade que sobreviveu ao Ensino Médio

 Lembro que quando ainda estava no colégio a professora dizia para aproveitarmos bastante tudo aquilo, porque assim que o Ensino Médio acabasse cada um iria para um lado e nos vermos diariamente seria algo raro. Lembro ainda que ficávamos bravos por ela achar que nossa amizade se resumia apenas àquelas cinco horas diárias dentro da escola. Mas não é que, de uma certa forma, ela tinha razão? Realmente... Cada um foi pra um lado. Não por não sermos amigos de verdade, mas, aos poucos a vida acabou "separando" a gente.

 Esses dias lembrei que ainda tinha aquela cartinha que uma amiga me escreveu antes de se mudar para Minas Gerais. Enquanto lia senti um aperto no coração... Me deu uma saudade de quando a gente podia se ver todos os dias, o dia inteiro, e sempre ter alguma coisa nova para contar, sempre ter um motivo novo  - por mais besta que fosse - para sorrir e ter aquelas famosas crises de risos tão frequentes entre nós. Mas, ao mesmo tempo me senti aliviada. Aliviada e feliz por, mesmo depois de tanta coisa mudar em nossas vidas, entre nós tudo parecer que nada se modificou. Senti uma paz enorme dentro de mim por saber que ainda posso contar com uma amiga que já virou irmã, e que pode ser assim para sempre. Que bom que mesmo depois de tantos anos ainda podemos nos chamar de amigas!

 Eu ainda segurava a carta quando me veio à cabeça o dia em que soube que as nossas três melhores amigas sairiam do colégio e só restariam nós duas para enfrentar o início do tão temido Ensino Médio. Lembrei de ter corrido para o orkut lhe enviar a seguinte mensagem "amiga, só sobrou a gente!", e lembrei também dela me dizendo ter ficado com um nó na garganta assim que leu. Por fim, meu veio à cabeça o último dia dela no colégio, dizendo que tinha escrito algo para mim, me entregando a carta, mas pedindo que eu lesse apenas quando chegasse em casa. Agora não me recordo se também havia escrito algo para ela, se escrevi na hora, ou se nem isso fiz. Mas lembro de ter sentido um aperto no coração! Eu não tinha a noção que ficaríamos tanto tempo sem se ver. Pensei que ela fosse voltar durante as férias, já que tem família aqui, e que nos veríamos a cada seis meses. Mas, mesmo assim, com ela ali do meu lado eu já sentia saudades. Não tanto quanto agora, é claro...

 A verdade é que, naquela época, eu não imaginava que ficaria tantos anos sem lhe dá um só abraço, mas no fundo, no fundo, acho que eu sempre soube que amizades como a nossa sobrevivem a monstros como o Ensino Médio.