Há 1 ano, numa sexta-feira como essa o
telefone tocou. Era ele, e estava com uma voz esquisita. Parecia que havia
chorado. Tentou evitar muitas palavras, só disse que precisávamos conversar. “Está tudo bem?”, perguntei, mas sabia
que não estava.
-
Está confirmado.
-
O quê? – perguntei, sem entender.
-
Meu intercâmbio.
-
Ah... Pra Inglaterra?
-
É.
-
E por que você tá assim? – o motivo era óbvio, mas eu não podia deixá-lo mais
triste e confuso do que já estava. – Não é o que você sempre quis?
-
Há uns meses atrás sim, mas... Não tenho mais tanta certeza.
-
É claro que tem, Pedro! É o seu sonho morar na Inglaterra! – disse, tentando
animá-lo e motivá-lo.
-
Mas e a gente?
Fiquei
em silêncio.
-
Acha melhor terminarmos? – perguntou.
-
Você quer terminar? – perguntei receosa, por um momento senti medo da sua
resposta.
-
Não, mas... Como vamos namorar assim durante 1 ano, Babi?
-
Você acha que não nos amamos tanto a ponto de conseguir passar por isso?
-
Claro que não! Muito pelo contrário. Eu te amo, e tenho certeza que é
recíproco. É exatamente por isso que acho que não vou conseguir ficar tanto
tempo longe de você.
-
A gente pode se falar pelo Skype, e
eu posso falar com meus pais e... Quem sabe ir pra lá no fim do ano!
O
silêncio tomou conta da nossa conversa outra vez.
-
Vai comigo?
-
Hãm?
-
Se muda pra Inglaterra comigo?
-
Pedro, eu só tenho 17 anos! Meus pais nunca iriam deixar. - ele ficou em
silêncio. - E, além disso, tem o vestibular e... Você sabe.
-
É eu sei... Desculpa, eu não tenho o direito de te pedir isso.
-
1 ano passa rápido, amor... Você vai ver.
No dia da viagem ficamos o tempo inteiro
juntos no aeroporto. Ele estava mais certo de que aquilo seria excelente para
ele! E eu... Bom, eu estava com o choro engasgado na garganta desde o dia em
que ele ligou e deu a notícia. Desde que nós começamos a namorar eu sabia que
mais cedo ou mais tarde essa viagem ia acontecer. Também sabia que quando ele
voltasse eu estaria lá, esperando por ele. Mas sei lá... Bate um medo! 1 ano
passa rápido, mas em 1 ano também pode acontecer muita coisa.
*
Hoje quando acordei tinha um lembrete no meu
celular. O programei há 1 ano e dizia “Buscar
o Pedro no aeroporto ♥”. Não acreditei que esse dia finalmente tinha chegado!
Durante todo esse tempo não houve um dia sequer que não nos falamos. E eu
sentia que ele estava feliz, o que me dava forças para suportar a saudade.
Não fui ao colégio, em vez disso, fui com os
pais dele buscá-lo no aeroporto. Eu nunca fiquei tão ansiosa e esperei tanto em
toda a minha vida! O voo dele atrasou três horas. Chegamos ao aeroporto às oito
da manhã e ao meio dia ainda estávamos lá. Aquela demora foi uma tortura. Por
volta de meio dia e meia o avião em que ele vinha pousou. Voltamos para o portão
de desembarque e torcíamos, todas as vezes que víamos uma mala apontar pela
lateral, que fosse ele.
Quando
ele surgiu, não tive qualquer outra reação ao não ser chorar. Meu coração nunca
bateu tão acelerado quanto naquele momento! Ele correu em minha direção e meu
deu um beijo demorado. Pedro estava tão diferente. Com um ar maduro, sabe? Um
novo corte de cabelo, a barba por fazer e uma tatuagem no antebraço que dizia “Love is not a place”. Ele olhou no fundo
dos meus olhos e disse:
-
Eu te amo!
-
Também te amo! Muito – respondi, sorrindo, chorando e o abraçando muito forte.
-
Depois dessa, acho que suportamos tudo, né? – disse em meio a sorrisos.
E
então respondi:
-
Enquanto houver amor... Tudo vai dá certo!
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