Só mais cinco minutos.

Mais um fim de tarde chega e ele está sentado em sua deprimente poltrona de couro sintético avermelhado, um tanto desgastada de tantos momentos como este. O sol está se pondo e o cômodo da casa começa a escurecer. Com o cabelo bagunçado, sem blusa, a barba por fazer e, o brilho nos olhos nada mais é do que o reflexo de sua taça de vinho já quente. Ele dá o último gole e faz uma careta.
É só mais um dia daqueles monótonos, no qual a vida anda parada... O momento em que ele pára para refletir em tudo, em como se tornou esse tipo de cara, que passa um fim de domingo recostado numa poltrona velha, em um apartamento pequeno, com uma taça de vinho já quente e a TV ligada em qualquer canal. Mas por talvez misericórdia do destino, o telefone toca. 
Atender ou não atender? "Quem poderia estar ligando a essa hora? Às 18:17 de um domingo?", pensa. Seus pais estão passando as férias no Canadá, sua irmã anda muito ocupada com o projeto social na África e está sem paciência para "farra", não pode se dar à esse luxo, pois trabalho no dia seguinte. E em meio a tantos pensamentos, a ligação cai na secretária eletrônica:
- Alô? Phil? ... Oi, é, aqui é a Sam. Lembra de mim? - Sente seu coração gelar - Quanto tempo não é? Bom, resolvi ligar para, sei lá, saber como está e como anda sua vida... É, então, quando puder, me liga... Beijo. Tchau. - E o telefone desliga.
Ainda sem entender aquilo, ele tenta se levantar para ver o número e retornar a chamada, mas percebe que foram muitas taças de vinho, sua cabeça começa a embolar os pensamentos e resolve tomar um banho gelado. Assim que termina o banho, coloca sua cueca boxer e deita em sua cama e prefere ligar no dia seguinte, se tiver coragem. Milhares de pensamentos e lembranças vêm a cabeça. "Ela se lembra de mim...", e dá graças à Deus por não ter trocado de número nesses últimos 3 anos. Adormece pensando em como 5 minutos podem simplesmente mudar seu dia. Ou talvez, sua vida.