19/06/2014

#PHpoemaday 15: O culpado


(...)

- Até sexta, garoto! - o homem de meia idade acenou com uma das mãos, enquanto cortava a grama naquela manhã de quarta-feira.
 Luke Ramond, que havia acabado de cumprimentar rapidamente o vizinho da frente, não entendeu aquele "Até sexta" do sr. Phillipe Micchel. Os dois mal se falavam, e sr. Phillipe só era visto na vizinhança às quartas-feira quando saía para cortar a grama. Desde o fim verão passado, quando deixou o Oregon para viver na Carolina do Norte, é um homem discreto e de pouca comunicação com os moradores do bairro. Quando solicitado, sempre era um homem bastante cordial, e, por isso, seu jeito introspectivo nunca foi contestado. Era só sua personalidade.
"Talvez ele só esteja ficando gagá. Ou esteja bêbado", pensou Luke.
 Assim que virou a esquina, avistou Helenne Dollan, por quem é apaixonado desde que foi seu escolhido para receber um selinho, na salada mista da 6ª série.
- Lenn! - apressou-se para alcançá-la.
- Oi, Luke! - abriu um alegre sorriso. A garota tinha um excelente humor em qualquer hora do dia. - Quer uma carona?
 Lenn era absolutamente linda. Seu pai é alemão e sua mãe brasileira. Ela saiu a mistura perfeita. Seus olhos eram azuis como os do pai, e seus cabelos longos, lisos e louros, faziam ondas por cima dos ombros. Sua pela estava bronzeada, por causa do último banho de Sol que pegou com Karen, sua melhor amiga, no jardim. Luke e Nelson Sullivan, seu fiel escudeiro, sempre ficavam espiando as duas da janela do quarto de Nelson.
- Só se você me deixar dirigir desta vez!
 Lenn balançou as chaves.
- É todo seu! - respondeu.

 A jovem sempre soube da paixão que Luke alimentava por ela, mas nunca deu chance para o garoto alegando serem apenas bons amigos.
- Não acredito que você vai deixar o SuperSullivan na mão! - disse ela. Os dois deram este apelido a Nelson quando tinham 5 anos, pois o menino nunca usava roupas normais, apenas fantasias de super-heróis.
- Ah, Nelson sabe o caminho da escola. - colocou o cinto - E com aquela coleção de capas, ele não precisa de uma carona, né. - riu do amigo.
- Não me diga que ele ainda tem aquelas capas? - prendeu uma gargalhada.
- Todas elas.
-OhMeuDeus! - não conseguiu mais contê-la. Seu riso era encantador. - E quais são as novidades Sr. "O mais novo capitão do time"?
- Você acabou de contar a única que eu tinha.
- Você já foi mais imprevisível, Luke! - empurrou o ombro do amigo - Por que não me conta?
- Contar o quê?
- Porquê está triste.
- Eu não es...
- Para. Você não quer mentir pra mim, né?
- Tá, desculpa, mas é que... esse é um problema que você não precisa se envolver.
- Nem se eu quiser? - ele a olhou - Amigos servem pra isso Luke. Não quero ser sua amiga só nas horas boas. - segurou a mão do menino, que se encontrava na marcha.
- Tudo bem...
- E então?
- Sabe a Sirena? Aquela menina de Oregon que eu conheci no início das férias do último verão, naque...
- ... naquela semana de férias na casa dos avós do Nelson. - Lenn o interrompeu, já sabendo de cor o restante da frase - Óbvio que eu lembro! Eu cansei de ouvir essa história! Mas o que tem Sirena?
- Ela se matou.
- O quê??? Por quê???
- Por minha causa.
- Como assim?
- Eu precisava voltar pra cá. E ela não entendia isso. - engoliu o choro que insistia em sair - Queria que eu me transferisse pra escola dela e passasse a morar com ela...
- Mas isso é loucura...
- É, eu não podia ficar lá. E também não queria namorar à distância, na verdade, eu nem sei se eu queria namorar com ela...
- E como soube?
- A mãe de Nelson, finalmente, fez as pazes com os Mrs. Sullivan e ligou para eles ontem. Ela se matou poucas semanas depois de eu voltar pra cá. Mas eu só fiquei sabendo ontem à noite. - seus olhos se encheram d'água - Se eu soubesse... Eu juro que se eu soubesse teria tentado evitar Lenn...
- Luke, não se sinta culpado. Você não pode fazer isso com você.
- O pior de tudo é que eu sou o único motivo da morte dela. Eu sou o culpado... - desabou a chorar assim que parou o carro, já no estacionamento do colégio.

***

- Qual é cara! Por que não atende o celular? Passei na sua casa e ninguém atendeu. Fui à casa da Lenn e também não tinha ninguém. Pensei que tinham morrido e eu não havia sido convidado para o enterro.
- Nelson!!! - Lenn chamou sua atenção, levando o olhar até Luke, que ainda estava abatido.
- Oh! Desculpa cara, eu falei sem  pensar!
- Tudo bem...
- Mas e então, Nelson, por que estava feito louco atrás da gente?
- Primeiro porque não gosto de ficar excluído, e vocês sempre dão uma de casalzinho apaixonado e fazem isso. 
- Nós não damos uma de casalzi...
- Tá - Nelson a cortou fazendo Luke rir da feição de Lenn - E, segundo: meu pais vão viajar ao Oregon para visitar meus avós, e só vão voltar domingo, ou seja, quatro dias de liberdade, festa e birita!
- Uou, agora eu gostei, cara! - Luke bateu na mão de Nelson, cumprimentando-se estranhamente.
- E o que está pensando em fazer? - a amiga perguntou interessada.
- Uma festinha básica hoje à noite, só pra começar.
- Hmmm. - animou-se.
- Convide as meninas do grupo de dança e também as do handbol. Ah, e todas as outras gatas que conhecer.
- Pode deixar, senhor! - levou a mão à cabeça.
- Eu e Luke vamos chamar os caras do time e... só. Nada de concorrência esta noite.

 Os três caíram na gargalhada.

***

- Que dia maravilhoso, não acham? Olha esse sol, e esse céu, e essas pessoas, e esse ar pu... cof! cof! - tossiu ao respirar a fumaça do cigarro que Dave Simons fumava ao passar atrás dele.
- Bom dia, SuperSullivan! - Lenn abriu seu sorriso animador.
- Bom dia! -  respondeu Nelson, a puxando para dançar. - Ótimo dia! - a rodopiava pelo pátio - Excelente dia! Magní...
- Já chega Nelson. 
- Não precisa ficar enciumado Luke. Lenn é sua garota. E eu... hãm hãm - pigarreou - já tenho a minha.
- Tem? - Lenn e Luke perguntaram juntos.
- Tenho.
- E quem é ela? Estamos curiosos. - se comunicou com Luke pelo olhar, rindo discretamente.
- Estão preparados para ouvir essa?
- Estamos.
- Patricia-O'-Wilson. - pronunciou nome por nome com a mais clara exatidão.
- Patricia O'Wilson? Cara, parabéns! Ela é realmente a maior gata!
- É, tenho que admitir. Ela é bem bonita.
- E o que vamos fazer hoje? - Luke quis saber.
- Festinha particular! - esfregou uma mão na outra.
- Eba!
- Só eu e Patty. - calou Lenn. Luke caiu na gargalhada.
- Oh, ok. Só você e... Patty! Então fique aí pensando na... Patty. Que eu vou procurar Karen. Depois a gente se vê! - pegou sua bolsa e dois livros no chão e levantou-se indo em direção ao ginásio.
- Ela ficou brava. - comentou Nelson.
- Essa é Helene. - ressaltou Luke, afastando a mochila para que o amigo pudesse sentar ao seu lado.
- Agora abre o jogo, danadinho!
- O que? - se fingiu de desentendido.
- Você acha que eu não percebi que rolou alguma coisa entre vocês?
- Por que acha isso?
- Ela nem reclamou quando eu disse que ela é sua garota!
 Luke deixou escapar um sorriso de canto de boca.
- Hummm, garanhão! Até que em fim, hein! - deu um tapa no boné do amigo - Os peitos dela são naturais?
- Qual é cara! É a Lenn!
- Ah qual o problema em querer saber se são naturais?
- Nelson. Foram só alguns beijos.
- Só? Você já foi melhor que isso Luke Ramond. - deu tapinhas no ombro do amigo
- Se dependesse de você eu apareceria aqui hoje com um bebê nos braços.
- Não. Se dependesse de mim eu já saberia se os peitos dela são silicone ou não.

***

- O que vai fazer hoje à noite? - perguntou Leen à Luke assim que suas bandejas se encostaram no balcão do refeitório.
- Acho que nada.
- Quer ir lá pra casa? Meus pais vão chegar mais tarde e Cloe vai à uma festa do pijama.
- Ir à sua casa? Me parece uma boa. A gente pode...
- A gente pode ver alguns filmes, comer Doritos com chedder e...
- E? - quis saber.
- E... estudar álgebra! Não se esqueça que temos prova na sexta.
- Álgebra? 
- Não faz essa cara! - pediu risonha.
- Cara? Que cara? Eu AMO álgebra! - exagerou, fazendo mais sorrisos brotarem no rosto da amada.
- Você pode chegar às oito. - avisou, antes de dirigir-se para a mesa que Karen e as meninas do grupo de dança almoçavam.

***

 Na sala de Lenn, dois pacotes de Doritos amassados no chão, um pote de cheddar em cima da mesinha de centro e duas garrafas de soda.
 No sofá, Luke beijava a nuca da garota e enfiava a mão por baixo de sua blusa. Ela correspondia, beijando-o ardentemente e permitindo-o que tentasse abrir seu sutiã.
- Hãm, hãm - um pigarreio se fez na parta da sala.
- Sr. Dollan!?! - Luke levantou assustado do sofá.
- Pai?!? - a menina fez o mesmo.
- Não é nada disso que o senhor está pensando! Isso é só... álgebra!
- Luke!!!
- Lenn, pro seu quarto. - foi enfático. - Luke, foi um prazer em vê-lo, mas acho que já está na hora de ir, não é?
- Tá... - ajeitou o cabelo - Tchau Lenn. - deu-lhe um selinho -Tchau, sr. Dollann. Tenha uma ótima noite!
- Igualmente.

***

- Não acredito que o meu pai pegou a gente! 
 Jogada na cama, apenas à luz do abajour, Lenn conversava com Luke.
- Nem eu. Você tem noção que aqueles doritos quase saíram de mim naquele momento? - falou, sentado no sofá assistindo à mais um episódio de A Caverna do Dragão.
- Eca, que nojo!
- O que ele foi fazer aí?
- Esqueceu um envelope importante e veio buscar. Ele e minha mãe estavam em uma reunião.
- E agora?
- Ele já voltou pra lá! Estou sozinha outra vez.
- Não faz assim...
- O que?
- Não diga com essa voz que está sozinha.
- Que voz?
- "Estou sozinha outra vez" - disse com uma voz sensual. Ela riu. - Isso é tortura.
- Ok. Então acho que vou desligar. Não estou afim de te torturar ainda mais.
- Não... - pediu.
- É sério Luke... - riu - Preciso estudar pra prova de álgebra. E, dessa vez, de verdade.

***

- Cara, não acredito que não deu tempo de descobrir se os melões dela são de silicone!
 Luke e Nelson caminhavam pelo corredor dos armários.
- Nelson!
- Tá, os peitos.
- Nelson, respeita a Lenn!
- Ah, os seios ou que seja! 
- A gente precisa de um lugar pra ficar sozinho.
- Não acostuma, mas... se quiserem, podem usar a minha casa.
- Com você lá? Não mesmo.
- Eu vou sair com Patty hoje a noite. E, se tudo der certo, vou demorar. Por isso, podem ficar lá o tempo que quiserem.
- Oh cara! Eu amo você! - deu um beijo na bochecha de Nelson e sai correndo pelo corredor.
- Argh! Guarde esses beijos babados pra Helene! - gritou.

***

 Luke e Lenn assistiram agarradinhos à Diário de uma Paixão, o filme preferido dela. Depois, foram para o andar de cima da casa e se trancaram no quarto de Nelson.
- Nem acredito que estamos sozinhos.
 Lenn apenas sorriu.
- E dessa vez ninguém vai nos atrapalhar.
- Ninguém! - sorriu, aproximando-se de Luke e dando-lhe um beijo apaixonado. 

- Luke? 
- Hãm? - o menino passava a mão pela sua bunda.
- Espera...
- Algum problema? - o menino parou, olhando-a nos olhos.
- Você tem camisinhas?
- Ah, droga! - abaixou a cabeça, com as mãos cobrindo os olhos. - Já sei. Nelson deve ter aqui em algum lugar. - abriu as duas gavetas do criado-mudo. As da cômoda. Olhou no guarda-roupa.
- Nada? - perguntou Lenn.
- Nada. - respondeu frustrado. 

 Os dois continuaram a se beijar, deixando para resolver depois a falta das camisinhas.
 No mesmo instante, a porta do andar de baixo foi fechada com ferocidade, fazendo um enorme estrondo. 
- Luke, tem alguém aqui. - Lenn assustou-se.
- Não tem ninguém. - o menino continuou a beijá-la.
- Cheguei! - gritou. - Se estiverem transando não parem. Ficarei aqui embaixo.
- Viu? É só o Nelson. - Lenn tranquilizou-se. - Eu vou lá ver se ele tem camisinha.

***

- Por que chegou tão cedo? Não deu certo com Patty? - perguntou, chegando à cozinha.
- Não, muito pelo contrário. Ela me deu um fora.
- Ah... que pena. - lamentou pelo amigo.
- Mas vou passar a noite me entupindo de Cheetos e Skoll e está tudo certo. - Nelson pegou algumas latas na geladeira - E você e Lenn?
- Preciso de camisinha.
- Você é mesmo um principiante! - pegou sua carteira no bolso e tirou uma cartela  - Toma. Sejam felizes.
- Valeu, cara! - deu dois tapas no ombro do amigo e subiu as escadas correndo.

 Luke entrou no quarto e trancou a porta. Lenn estava sentada na ponta da cama, esperando por ele.
- Nelson está bem? Ouvi que Patty deu um fora nele.
- Está ótimo! Com uma vasilha de Cheetos e latas de cerveja nas mãos. - Lenn riu.
- Ele tinha camisinha? - Luke balançou a mão, mostrando que sim.
 Emma levantou-se e chegou perto de Luke. O garoto a puxou pela cintura e a beijou com vontade. Ela, com a mão no cabelo dele o puxava para a cama. Antes de deitar, ele tirou sua camisa e também a de Lenn. Em seguida também abriu o sutiã e o tirou pelos braços da moça. Neste momento lembrou do amigo Nelson. Ele gostaria de saber que seus seios são incrivelmente naturais. Lenn abriu o cinto de Luke e ele tirou seus jeans com pressa. Os dois deitaram na cama e beijaram-se outra vez, até perderem o fôlego e perceberem que seus lábios estavam levemente avermelhados.
 Luke, então, se ajeitou na cama e começava a tirar a bermuda de Lenn, quando ouviram batidas na porta.
- Volta depois, Nelson! - gritou o menino.
 Continuou a tirar os jeans da garota.
 As batidas foram ouvidas outras vez.
- Agora não, Nelson! - gritou de novo.
 As batidas voltaram.
- O que esse infeliz quer? - levantou, e só de cueca foi abrir a porta. Lenn cobriu-se com a blusa de Luke para que o amigo não a visse seminua. - O que fo... - percebeu que não havia ninguém do outro lado.
- Cadê ele?
- Não sei. Deve está escondido no corredor.
 Luke trancou a porta e voltou para a cama. Ele e Lenn voltaram a se agarrar e as batidas na porta foram ouvidas mais uma vez, dessa vez seguida por um pico de luz.
- Sério que o Nelson resolveu brincar justo agora? - perguntou Lenn, sem acreditar na brincadeirinha sem graça do amigo.
- Ele só pode estar brincando! 
 A luz voltou.
- Eu vou lá embaixo falar com ele.
- Não Luke... Não precisa. - puxou-o de volta para perto de si - Pronto, viu? Ele já parou.
 A luz apagou outra vez.
- Aaaah, droga! Esse infeliz vai ver o que eu vou fazer com ele.
 Luke saltou da cama, pegou o celular para servir de lanterna, destrancou a porta e desceu as escadas com raiva.
- Nelson, já perdeu a graça, pode aparecer. - só de cueca, procurava o amigo pela sala. Ele não parecia estar lá. Foi até a cozinha. - Ô seu desgraçado! Cadê você? Já pode parar de estragar minha noite com Lenn?
 A luz voltou.
- Aaah, muito obrigado! - olhou para os lados - Cadê você? Anda... Não vou te bater, pode ficar tranquilo. - olhou para um lado. Para outro. O menino não apareceu.
- Luke? - vestindo apenas sua calcinha de renda e o blusão do garoto, Lenn o gritou do alto da escada.
- Nelson? - Luke voltou à sala. A vasilha de Cheetos e as latas de cervejas estavam pela metade. Foi até o banheiro. Nada de Nelson.
- O que foi, não está encontrando ele? - Lenn surgiu na sala.
 Luke não respondeu. Apenas discou alguns números em seu celular e ligou para o amigo. O celular tocou infinitas vezes, até Nelson atendê-lo.
- Ah... - Luke respirou aliviado. - Cadê você cara? Me assustou! - Luke ouviu apenas uns barulhos estranhos. - Nelson? - os barulhos continuavam. Pareciam tentativas de gritos. Só que abafados.
- Tá tudo bem? - perguntou Lenn vendo quanto Luke parecia nervoso.
- Cara, você está bem? Onde você tá? - O barulho continuava do outro lado da linha.
- Luke o que foi? - Lenn insistia em saber.
- Acho melhor voltar lá pra cima, Lenn. Tem uma coisa muito estranha aqui...
- E Nelson?
- Aconteceu alguma coisa com ele. - Luke andava de um lado pro outro da sala.
- Fica calmo. O que ele disse?
- Nada. Ele não conseguia falar. Parecia que estava... amordaçado.
- Oh meu Deus! Será que ele foi sequestrado?
- Não sei, não sei... - esfregou as mãos no rosto - Lenn, volta pro quarto e fica com o celular nas mãos. Eu vou procurar Nelson.
- Mas você está só de cueca.
- Não importa, eu não vou sair do quarteirão.
 Lenn subiu de volta as escadas, e entrou no quarto. Pegou seu celular no criado-mudo e o acendeu. Era quase meia noite. Foi até a janela e olhou a vizinhança. Ela estava tranquila, e não parecia cenário de um sequestro. De lá, podia ver sua casa, que ficava na mesma rua, e, no alto, a janela do quarto de Luke que ficava na rua de trás. A luz do quarto de seus pais ainda estava acessa. Eles deviam estar assistindo mais um episódio de C.S.I. Como eles gostavam daquilo! O andar de cima da casa de Luke já estava apagado. Ela olhou para baixo e pode vê-lo só de cueca entrando novamente na casa. 
- Luke, eu acho que não aconteceu nada com ele. - calçou o chinelo - Patty deve ter ligado e ele deve ter voltado pra lá. - ele não a respondeu - Você me ouviu? - desceu as escadas - Cadê vo... Oh meu Deus!!!
- Foge Lenn!!! - Luke brigava com um homem alto e encapuzado.
 Lenn parou onde estava e por pelo menos dois segundos ficou paralisada tentando entender o que se passava ali.
 Luke só teve tempo de alertar sua garota antes de sentir uma fisgada muito forte na barriga.
 Lenn ainda estava ali quando ele levou a primeira facada.

***

A menina entrou em pânico e saiu correndo, fugindo da casa pela porta da cozinha. Deu a volta por fora, indo em direção à calçada, e estava na frente da casa outra vez. A porta estava aberta e viu quando o homem deu mais uma facada em Luke, que tentava reagir.
 Duas casas depois, do outro lado da rua, ficava sua casa.
- Pai!!! Mãe!!! Socorro!!! - gritou, batendo desesperadamente em sua porta. Correu até a casa ao lado - Alguém me ajuda por favor!!! - Tocou a campainha incessantemente. Com o celular nas mãos, tentava ligar pra polícia, mas estava trêmula demais para conseguir.
 Com seus gritos os vizinhos começaram a acordar e as luzes começavam a serem acesas.
- Filha! - Sr. Dollan apareceu na varanda, ainda amarrando o roupão, seguido pela esposa.
- Pai!!! - foi correndo até ele.
- O que está acontecendo??? Por que está vestida assim?
- Tem um homem... - soluçava - Ele está matando Luke!!!
- O quê?
- Na casa do Nelson!!! Você precisa ajudá-lo, pai! Por favor... - caiu em prantos.  
- Oh meu Deus. - ele olhou para a casa de Nelson - Não saia daqui.

***

- Pode levar o que quiser... - Luke gritou, após levar a primeira facada. O sangue escorria por sua barriga e manchava toda a sua cueca branca.
 O homem continuava a agredi-lo com socos e coronhadas.
- Pare!!! - tentava socá-lo, mas o homem era visivelmente mais forte. - Por que está fazendo isso??? - tentava se defender dos golpes - Por favor, pare!!! - o cara lhe deu outra facada. E outra. E outra.
- Eu já disse que pode levar o que quiser... - murmurou, já caindo no chão, deixando uma enorme marca na parede. - mas por favor, não me mate.
- Você já está morto, Luke Ramond. - o homem abaixou para olhá-lo nos olhos.
- Como sabe o meu nome? - tossia, cuspindo sangue pela boca.
- Ou seria... L.R?
- L.R? Mas só quem me chamava assim era...
 O assassino tirou a máscara que escondia seu rosto.
- Você???

 E aquela foi a última imagem que Luke Ramond Turner viu antes de morrer. A face de seu assassino.

***

 Sr. Dollan entrou na casa minutos depois, mas já era tarde demais. A imagem que viu foi terrível. Do lado direito, sinais de luta. A sala toda destruída, Cheetos espalhados pelo tapete, cerveja escorrendo pela mesa a TV ainda no canal dos Simpsons e manchas de sangue pelo sofá. Do lado esquerdo, Luke caído numa poça de sangue, meio sentado e com o tronco encostado na parede, seu rosto pendia para um só lado. O garoto que ele viu crescer estava morto.
 Algum vizinho, talvez o ex-policial Gerald, já havia chamado a polícia, que chegou exatamente três minutos após Sr. Dollan entrar na casa.
 Os peritos começaram a recolher digitais e qualquer pista que ajudasse a descobrir quem havia feito aquela crueldade. Outros policiais se dividiram, vistoriando todos os outros cômodos da casa.
- Encontramos este jovem no porão.
 Nelson havia sido encontrado. Ele ficou o tempo inteiro amarrado e amordaçado no porão. Ouvindo seu melhor amigo ser brutalmente assassinado, sem poder fazer absolutamente nada.
 O menino estava em estado de choque. Um policial o acompanhou até o lado de fora da casa que já estava rodeada por vizinhos, e, agora sim, era cenário de um verdadeiro filme de terror.
 Lenn correu em sua direção. A jovem, que agora vestia o roupão de sua mãe por cima da blusa de Luke, o abraçou muito, muito forte. Os dois só conseguiam chorar. Desesperada e inconsolavelmente.
- Mataram Luke, Lenn!!! Mataram ele... - Lenn ouvia aquelas palavras, abraçando Nelson ainda mais forte, e ainda sem conseguir acreditar no que havia acabado de acontecer.

  Lá dentro, os peritos trabalhavam em volta do corpo. Luke havia sido atingido por mais de 14 golpes de faca. O sangue que escorria por seu corpo ainda estava quente.
- Lewis! - o perito abaixado ao lado do corpo gritou.
- Diga, Collins!
- Encontrei uma coisa. E acho que isso pode ser a resposta para todas as nossas perguntas.

 Na mão esquerda de Luke, uma fotografia deixada estrategicamente pelo assassino. Nela, uma jovem de no máximo 16 anos. Ao lado dela um homem de meia idade, que parecia ser seu pai. E era.
 Era.
 O homem da foto logo foi reconhecido por Sr. Dollan. E, minutos depois, por toda a vizinhança.
  Por cima de todo o corpo da linda jovem da foto, escrito com pillot preto, a palavra "CULPADO".

 Era sexta-feira à  noite, e agora aquele aviso fazia todo o sentido.






2 comentários:

  1. Isa, que tenso! kkk
    Pra quem nunca escreveu nada do gênero, vc se saiu super bem! *-*
    Gente, tadinho do menino =/
    Adorei como tudo se desenvolveu e a conclusão, pode ir escrevendo mais coisas assim! rs XD
    Beijos
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Até eu estava tensa quando terminei, Carol hahaha Ai que bom! *-* Vou tentar escrever mais sim ;)
      Beijos! :3

      Excluir

 

criado e codificado para o blog ficcionalmente real
cópia proibida © 2015